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Polícia diz que namorada usou caco de vidro para abrir barriga de jovem e casal segue junto

Namorada foi denunciada pelo MP como agressora e é ré perante a Justiça. Vítima e namorada negam a versão do MP e da polícia. Caso aconteceu em janeiro, na Praia do Ermitão, em Guarapari.


Foto: Reprodução/TV Gazeta


A Polícia Civil concluiu que a namorada do jovem que acordou com um corte profundo na barriga e parte do intestino exposto na Praia do Ermitão, em Guarapari, no Espírito Santo, no dia 16 de janeiro, foi a autora dos ferimentos do estudante e que o casal estava sozinho no local.


A informação foi divulgada em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (27) e consta no relatório final do inquérito policial, que decidiu pelo indiciamento da namorada. Com base nas conclusões apresentadas pela Polícia Civil, a Justiça aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público estadual no dia 19 deste mês, tornando Lívia Lima Simões Paiva Pedra, de 20 anos, ré. Relembre o caso do jovem cortado na barriga em praia.


As versões da denúncia do MP e a apresentada pelo casal diferem. O casal diz que foi atacado.


"Uma investigação difícil para a Polícia Civil. Tratava-se de um casal, um local ermo, de madrugada, não tinha testemunha, outras informações, a não ser o casal. Foi dificultada em relação a isso, mas o delegado reuniu informações para indiciar a moça por ela apresentar lesões nas mãos e o rapaz ter tido um corte grotesco. Chega a conclusão que possivelmente foi a moça, utilizando de elemento cortante, que retirou o intestino do rapaz", disse o delegado-geral da Polícia Civil do ES, José Darcy Santos Arruda.


Ele adicionou que "o ferimento que ela apresenta nas mãos, o corte, e ter somente os dois, leva a autoridade policial a entender que foi ela que praticou".


O delegado responsável pela investigação, Franco Malini, falou sobre os elementos que levaram ao indiciamento da jovem. Segundo ele, o corte deve ter sido feito com um caco de vidro.


"Um dos elementos que nos levaram a concluir é uma ligação que ela fez com a própria mãe. Tinha combinado um horário, porem não retornou. A partir de então a família começou a procurá-la. Somente 2h20 da manhã a mãe conseguiu contato com ela, ela atendeu, e foi quando a mãe relata que escutou a voz da filha, apenas, durante 50 minutos de ligação, e em alguns momentos escuta o rapaz falar 'Praia do Ermitão' e deduziu onde estavam", explicou.


O delegado explicou que os cortes que a namorada apresentava nas mãos indicam um ataque dela contra alguém.


"Essa investigação não poderia se basear em provas testemunhais. Apenas duas pessoas estavam no local e, de acordo com a legislação, devem colaborar com as investigações. Ambos dizem não se lembrar do que ocorreu. A nossa conclusão foi que só estavam eles. O segundo ponto são as lesões que a menina apresenta na mão, lesões típicas de corte. Ela possivelmente deu soco no rosto do rapaz e fez o corte na barriga, por conta do corte que tem na mão", relatou.


Ainda de acordo com o delegado, ambos confirmaram o uso de "quadradinho", que seria LSD, e disseram não se lembrar o que houve após terem alucinações. Só se recordam de acordar e ele estar com a barriga aberta.


O perito Fabrício Pelição, chefe do Departamento de Laboratório Forense, disse que o rapaz não passou por exame toxicológico, pois estava internado e impossibilitado por conta dos ferimentos, mas que o cabelo da jovem foi analisado. De acordo com o perito, o tempo entre o fato e a coleta de material atrapalha as investigações.


"O rapaz não realizou exame corporal, nenhum tipo de coleta para exames laboratoriais. A moça veio fazer exame, e teve amostra de cabelo coletada, mas ainda há pendência de resultado. As amostras devem ser coletadas no menor tempo possível, mas existem algumas possibilidades de análise."


"Se formos analisar sangue, estaremos sempre falando de algumas poucas horas da coleta, urina mais horas e até dias, e cabelo traz possibilidade de ser detectado de tempo maior, mas é difícil como nesse caso se foi em um único uso [de utilização de droga]. Depois de várias semanas, foi necessário coletarmos essa amostra de cabelo", contou.


Versão da polícia e da denúncia do MP

A denúncia que acompanha o indiciamento feito pela Polícia Civil foi entregue à Justiça no final de março. O documento diz que Lívia agiu "por motivação desconhecida e impulsionada pelo uso de drogas".


Ela foi denunciada por lesão corporal grave, mas não foi solicitada sua prisão e ela deve responder em liberdade. Caso seja condenada pelo crime, a pena é de prisão de dois a oito anos.


"A denunciada, utilizando objeto cortante, golpeou a barriga do réu e o rosto dele, causando-lhe as lesões gravíssimas estampadas nas fotos e vídeos juntadas aos autos, bem como no prontuário médico, que determinaram a debilidade permanente do intestino delgado da vítima, deformidade permanente e fratura da cavidade nasal e seio maxilar", diz um dos trechos do documento.


Por conta dos ferimentos, o estudante chegou a ser internado duas vezes.


Versão do casal

O advogado contratado pelas famílias dos jovens disse que o casal foi vítima de um ataque praticado por terceiros.


O advogado Lécio Machado disse que o casal fazia um luau na praia quando foi vítima do ataque.


A imagem de uma conversa do rapaz em um grupo passou a circular na internet e teve a veracidade confirmada pelo advogado da família. Nela, o rapaz também diz que ele e sua companheira foram vítimas de um ataque.


O casal continua junto, de acordo com o depoimento da vítima à polícia.


Relembre o caso

O rapaz e a namorada passavam parte da noite no local entre 15 e 16 de janeiro. A Praia do Ermitão fica dentro de um parque ambiental no município e é necessário passar por uma trilha para chegar. Durante a noite o caminho é fechado, mas não impediu que eles entrassem de forma irregular.



Segundo o comandante do batalhão da Polícia Militar da região de Guarapari, na madrugada do dia 16 os policiais receberam uma informação de uma confusão na Praia do Ermitão, e que uma pessoa estava ferida.


Uma equipe foi até o local, mas encontrou apenas uma bolsa, que foi entregue na delegacia. No dia seguinte, a PM soube que havia um rapaz ferido naquela região, que foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).


Na ocasião, o advogado contratado pela família do rapaz e de sua namorada, Lécio Machado, disse que o casal fazia um luau na praia quando foi vítima de um ataque praticado por terceiros.


'Apagaram' após uso de droga

Em depoimento à Polícia Civil, a jovem que estava com o rapaz ferido contou que o casal usou drogas e álcool no local. Segundo ela, os dois "apagaram" depois de usar os entorpecentes.


Ela confirmou que os fatos aconteceram na praia e que ela pediu ajuda aos vigias do parque no qual a praia é localizada por volta das 2h. Um vídeo mostra o jovem sendo resgatado já ferido, na manhã do dia 16.


Mesmo ferido, o jovem conseguiu dizer onde estava para a mãe da namorada.


Segundo o laudo médico, o rapaz tinha lesões no rosto (boca, orelha e sobrancelha) e fratura no nariz, além do ferimento na barriga.


O prontuário médico do jovem obtido com exclusividade pelo g1 e pela TV Gazeta mostra vestígios de dosagem alta de fentanil no sangue dele. A substância – um anestésico e analgésico opioide de uso controlado – é 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina.


Com informações do g1

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