Ruan do Nascimento, de 27 anos, estava indo ao barbeiro quando PMs entraram numa rua atirando.
Foto: Reprodução/Redes Sociais |
A família de Ruan Limão do Nascimento, jovem com deficiência intelectual morto na noite desta sexta-feira (6) na Barreira do Vasco, afirma que o rapaz foi vítima de policiais à paisana que chegaram à comunidade com fuzis em um carro vermelho e descaracterizado.
“Era um carro vermelho com quatro homens sem fardas, todos com fuzil. Meu irmão tentou correr, deram um tiro”, afirmou Renan Alves Limão.
“Falar que ele estava com arma, que teve tiroteio? Não teve operação! Não teve troca de tiros”, afirmou.
“Deram um tiro, pegou em uma pessoa, todo mundo correu, meu irmão correu junto. Ele tomou um tiro nas costas. Botaram ele no porta-malas e sumiram com ele”, disse Renan.
A presidente da associação de moradores da favela, Vânia Rodrigues, tinha dito à TV Globo que Ruan estava indo ao barbeiro quando policiais militares do 4º BPM (São Cristóvão) entraram atirando na Rua Ricardo Machado. Isso teria acontecido por volta de 18h50.
“Ele foi ao barbeiro para ficar bonito, ele faria 28 anos agora, dia 19”, disse o irmão.
A mãe de Ruan, Bianca Limão, afirmou que o filho chegou ainda com vida ao Hospital Souza Aguiar. “Uma moça viu meu filho sendo jogado de qualquer jeito no chão”, disse. “Quando os médicos me chamaram, meu filho já estava morto, com um monte de algodão na boca.”
Ela disse não ter palavras para descrever o que está sentindo.
“Não tenho. Dia das Mães, né?! Só Deus para me dar forças. Meu filho é inocente, é uma criança”, lamentou.
Querido no Vasco
Renan explica que Ruan, de 27 anos, “tinha a mentalidade de um adolescente de 15 anos” por causa de sua deficiência, retardo mental leve associado a dificuldade psicomotora. “Ele não sabia ler nem escrever sem copiar, mas ele fazia tudo, conhecia todo mundo”, lembrou.
O irmão também disse que Ruan era muito querido em São Januário e que era convidado a assistir aos jogos do Vasco sem pagar. “Ele entrava no campo com os jogadores”, lembrou a mãe.
O que diz a PM
A Secretaria Estadual de Polícia Militar informou, em nota, que “policiais militares do 4ºBPM (São Cristóvão) relataram terem ido verificar um local de comercialização ilegal de cobre na localidade do Café, próximo da comunidade Barreira do Vasco, em São Cristóvão, na noite de sexta-feira (6), onde ocorreu confronto durante a checagem”.
“Após cessar a situação, houve apreensão de uma granada, um radiocomunicador e 240 papelotes de crack. Um homem ferido foi encontrado e socorrido ao Hospital Municipal Souza Aguiar”, emendou.
“A 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) foi acionada pelo Comando da Corporação para o caso e ouviu os policiais militares envolvidos na ocorrência. Um procedimento apuratório interno está instaurado.”
A PM não informou se os militares estavam à paisana.
Com informações do g1
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