Alvo da Polícia Federal, grupo empresarial da mineradora Gana Gold movimentou mais de R$ 16 bilhões em três anos
Foto: Divulgação |
O grupo empresarial da mineradora Gana Gold, atual M.M. Gold, criou a própria criptomoeda para lavar dinheiro extraído do garimpo ilegal, diz investigação da Polícia Federal (PF).
O sistema de lavagem envolvia ainda outras moedas digitais, como a bitcoin e a ethereum – as duas maiores criptomoedas –, num esquema conhecido como “mescla”, que, na prática, nada mais é que mistura de recursos lícitos com ilícitos.
O grupo foi alvo da Operação Ganância, deflagrada no início deste mês. A ação investiga o comércio ilegal de ouro no Norte do país, além de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa.
Os criminosos são acusados de movimentar mais de R$ 16 bilhões de 2019 a 2021.
Sob aval da Agência Nacional de Mineração (ANM), o garimpo era realizado inclusive em terras indígenas no Pará. Como revelou o Metrópoles, a Gana Gold acumula R$ 17 milhões em multas do Ibama.
Para tentar justificar o aumento patrimonial e estrutural, o grupo resolveu “tokenizar” seus ativos, pretendendo alcançar um crescimento de 20 milhões com a venda de uma moeda digital própria.
Batizada de IUAD, a moeda digital é gerenciada pela Instruaud, uma empresa de ambulâncias, transporte aeromédico e home care de Porto Velho cujo CEO é o empresário Márcio Macedo Sobrinho (foto em destaque), dono da Gana Gold. Ele foi um dos preso pela PF no início deste mês no âmbito da Operação Ganância.
A Instruaud apresentou projeto de expansão, cuja meta é abrir novas filiais em todas as capitais do país, e prometeu lucros de até 6% ao ano aos investidores.
Dessa maneira, diz a PF, os recursos ilícitos vindos do garimpo ilegal poderiam ser injetados na empresa pelos próprios donos com a roupagem de recursos advindos de investidores anônimos que adquiriram o criptoativo, interessados nas vantagens prometidas.
A Polícia Federal ainda não sabe informar a quantidade total movimentada pelo grupo em moedas digitais. Uma das carteiras analisadas, no entanto, girou mais de R$ 14 milhões somente no ano passado.
Além de bitcoin (BTC) e ethereum (ETH), foram identificados investimentos em dash (DASH), ripple (XRP), tether (USDT) e binance coin (BNB).
Além disso, a investigação apontou que algumas operações feitas por um dos investigados, conhecidas como “trade”, geraram lucros relevantes. Em uma delas, em apenas um dia, a operação resultou num lucro de aproximadamente R$ 50 mil.
Em redes sociais, a Instruaud também anuncia a Binance como plataforma de negociação. A exchange é a maior do Brasil e do mundo.
Investigação da Reuters revelou que a Binance também serviu como lavagem para um total de ao menos US$ 2,3 bilhões (o equivalente a R$ 11,7 bilhões na cotação atual) decorrentes de hacks, fraudes de investimento e vendas de drogas ilegais, entre 2017 e 2021.
Outro lado
Em nota, a Instruaud afirmou que “sempre foi e sempre será uma empresa honesta e transparente”.
A empresa afirmou que irá recorrer contra veículos de comunicação e pessoas “que estão disseminando informações levianas e sensacionalistas com o intuito de se promoverem”.
Por fim, assegurou colaborar com o esclarecimento de qualquer dúvida das autoridades policiais.
Com informações do Metrópoles
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