Contrariando a LGPD, médico expôs dados de paciente em grupo de WhatsApp e incentivou colegas a pedir voto no presidente Jair Bolsonaro
Foto: Reprodução |
Goiânia – Um idoso de 83 anos teve os dados pessoais, foto do rosto e estado de saúde expostos por um médico bolsonarista em um grupo de WhatsApp. Na ocasião, o cardiologista argumentava com colegas de profissão para que tentassem convencer pacientes a votarem no presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL), no 2º turno das Eleições 2022, neste domingo (30/10).
O caso aconteceu em Rio Verde, no sudoeste goiano, nessa sexta-feira (28/10). No grupo, composto por 214 médicos, o cardiologista Gustavo Baiocchi também publicou uma foto de uma caneta que distribui aos pacientes, com a frase “Jair Bolsonaro presidente 2022”.
“São agraciados com essa caneta. Sigo tentando até as últimas horas virar votos! Posto aqui apenas para que se inflamem a fazer algo parecido para depois não olhar para trás e ficar aquela sensação que poderia ter feito algo”, escreveu o médico no aplicativo de troca de mensagens.
Convencimento por Bolsonaro
No grupo, o médico conta e comemora com os colegas que convenceu o idoso, no consultório, a votar em Bolsonaro. Segundo o cardiologista, antes da consulta, o idoso teria dito que não votaria no segundo turno.
“Esse cidadão aqui falou que não iria votar, não. Eu falei para ele: ‘Ó, nunca pedi favor nenhum para ninguém, mas para o senhor eu queria pedir. Vota’. Ele falou que vai votar”, disse.
Baiocchi compartilhou um vídeo em que que exibe a tela de computador com foto, nome completo, filiação, data de nascimento, CPF, RG, endereço e profissão do paciente.
O médico também disse que jamais imaginou que postaria sobre política em chats. No entanto, pediu aos colegas que não tenham vergonha de fazer o mesmo.
“Mas não quero que meus filhos leiam cartilhas comunas. Não quero que compartilhem banheiros com sexo oposto. Não quero que enxerguem que a desonestidade valha a pena. Prezemos a moral e os bons costumes”, escreveu.
Vazamento de dados
Ao jornal Folha de São Paulo, uma sobrinha do paciente informou que os dados do idoso foram expostos, antes que ele autorizasse “divulgar o caso”. Segundo a mulher, às 13h19 de sexta, o médico enviou no WhatsApp um pedido de autorização, mas ela só viu a mensagem às 16h29. No entanto, Baiocchi expôs os dados do paciente antes, às 8h22.
O Metrópoles entrou em contato com o cardiologista, por meio das redes sociais, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.
LGPD
A divulgação dos dados do paciente contraria a Lei Geral de Proteção de DAdos (LGPD), bem como o Código de Ética Médica. Mesmo que o paciente tenha permitido a divulgação, a LGPD prevê que, em caso de dados sensíveis, deve haver termo específico que autorize a divulgação deles, incluindo quadro de saúde e manifestação política, por exemplo.
Já o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que desconhece as ações do médico, no entanto, vai apurar a conduta do cardiologista.
Com informações do Metrópoles
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