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O ex-deputado federal Roberto Jefferson foi denunciado nesta quarta-feira por tentativa de homicídio dos policiais federais que tentaram prendê-lo, em 23 de outubro. Segundo a denúncia, o ex-parlamentar deu cerca de 60 tiros na direção dos agentes, que tentavam cumprir uma ordem de prisão contra ele, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Jefferson também foi denunciado por posse irregular de arma de fogo, posse de armamento de uso restrito — incluindo granadas adulteradas — e por opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário público.
De acordo com a denúncia, Jefferson "tentou matar quatro policiais federais, com emprego de explosivo e de meio que resultou perigo comum, mediante recurso que dificultou a defesa de autoridade e agentes no exercício da função [...] e com emprego de arma de fogo de uso restrito, cujos resultados (mortes) não se consumaram por circunstâncias alheias à sua vontade".
O documento, apresentado nesta quarta-feira, afirma que Jefferson não respondeu ao contato dos agentes por interfone, e os manteve do lado de fora do portão, enquanto os monitorava por meio de uma câmera. Quando um dos policiais pulou o portão para ir até a porta da casa do ex-deputado, foi recebido pela mulher de Jefferson, que gritou para que os agentes fossem embora.
"‘Vai embora, vai embora que vai dar merda’ e ficou gritando ‘vai embora'", disse Ana Lucia Francisco, segundo a denúncia.
Em seguida, depois de se comunicar com os agentes pelo muro de sua residência, Jefferson teria iniciado o ataque de maneira súbita contra os agentes. A denúncia relata que o ex-deputado, localizado na área externa de sua casa, cerca de três metros acima dos agentes, lançou a primeira granada adulterada com pedaços de pregos envoltos com fita adesiva. Em seguida, disparou 30 tiros de carabina, atingindo em sua maioria a viatura localizada em frente ao portão.
Depois, o ex-deputado lançaria ainda duas granadas na direção dos agentes, e voltaria a efetuar cerca de 30 outros disparos, mesmo depois de ter ouvido um dos policiais, que afirmou estar ferido.
"Mesmo tento ouvido gritos de “policial ferido”, ROBERTO JEFFERSON prosseguiu seu intento criminoso, lançando nova granada (adulterada) em direção à parte traseira da viatura (próxima aos locais de abrigo dos Policiais DANIEL, KARINA e MARCELO) e uma terceira granada (adulterada) em direção ao Policial HERON. (...) Nova sessão de tiros de carabina foi reiniciada por ROBERTO JEFFERSON, efetuando aproximadamente outros 30 disparos na direção dos policiais", diz trecho da denúncia.
O ex-parlamentar cumpria prisão domiciliar no dia do atentado contra os agentes. Ele permanecia recolhido em casa após condenação pelos crimes de calúnia, incitação ao crime de dano contra o patrimônio público e homofobia, no âmbito do inquérito do STF que investiga as chamadas milícias digitais.
Após descumprir as restrições impostas, ao publicar um vídeo em que ofendeu a ministra Cármen Lúcia, ele teve a prisão domiciliar convertida para regime fechado. Na chegada dos agentes na sua casa, o ex-deputado novamente voltou a se pronunciar pelas redes sociais dizendo que não iria se entregar e criticando a atuação da polícia.
Jefferson reagiu com tiros e granadas à presença de agentes da Polícia Federal em sua residência e acabou preso em flagrante, 7h após a chegada dos policiais, por tentativa de homicídio. Na mesma semana, o flagrante foi convertido em prisão preventiva pelo ministro Alexandre de Moraes.
Agentes feridos por estilhaços
A denúncia afirma ainda que dois policiais foram atingidos por estilhaços das granadas lançadas. Uma agente, levada para hospital, tomou pontos na face e na coxa, e teve que ser submetida a cirurgia para que um dos fragmentos fosse retirado de seu corpo. A mesma policial também foi alvo de disparo, conforme mostrou perícia. Sua pistola, presa no coldre, foi atingida e teve o cano danificado, conforme mostram imagens anexadas ao documento.
Foto: Divulgação/MPF |
Foto: Divulgação/MPF |
Disparos atingiram imóvel com 16 crianças
Ainda conforme o documento, dois dos disparos efetuados po Jefferson atingiram o imóvel vizinho à sua residência, onde estavam 20 pessoas, dentre elas 16 crianças. Segundo uma das testemunhas a prestar depoimento, que reside nesse imóvel, os disparos atingiram carro estacionado no local e uma das crianças se feriu, ao tentar se abrigar.
"Segundo a testemunha, uma das crianças, no esforço de se proteger dos tiros e das explosões, lesionou-se gravemente (fissura na costela), além de um veículo Fiat Uno, pertencente a uma professora que também se encontrava na confraternização, ter ficado todo danificado por disparos de carabina", diz a denúncia.
Registro de carabina durante prisão domiciliar
Dentre o arsenal mantido de maneira irregular por Jefferson, foi detectado ainda, segundo a denúncia, que a carabina usada durante o ataque, de calibre 5.56x45mm, foi registrada no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA), que pertence às Forças Armadas, em 04/07/2022, ou seja, quando o ex-deputado já cumpria prisão domiciliar, na condição réu.
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