Daniel Alves é um garoto autista que esperou o ano inteiro para encontrar o Papai Noel. Porém, ao chegar lá, o personagem recusou recebê-lo
Jonatas Martins
Daniel Alves, 4 anos, é uma criança autista que aguardou o ano inteiro para encontrar o Papai Noel pela primeira vez. Ele estava muito animado para a visita, mas o “bom velhinho” simplesmente se negou a recebê-lo, em um shopping na cidade de Valparaíso (GO), Entorno do Distrito Federal. “O Papai Noel só virou e falou não, que não teria foto”, afirma Angélica Alves, mãe do menino.
“Ele ficou balançando a mão, tipo para eu levar o Daniel, para sair com ele e me retirar. Foi isso que eu fiz. Eu peguei o Daniel, muito sem graça, porque eu não tive como; eu não tive esforços para debater, não tive esforço para procurar ninguém”, continua a mulher.
Angélica conta que só teve real noção do que ocorreu quando chegou a sua casa. Ela decidiu entrar em contato com a ouvidoria do Shopping Sul na última segunda (19/12), e, ao saber do ocorrido, o estabelecimento dispensou o funcionário, que era de uma empresa terceirizada, imediatamente. Daniel também foi convidado a voltar ao shopping para finalmente ter sua foto com o novo papai noel.
“O Daniel faz terapias, faz os tratamentos dele e nunca na vida que eu imaginei que um personagem pra criança pudesse fazer isso com ele. Então, a gente ficou muito triste mesmo, mas fiquei contente pelo fato de o shopping ter tomado as dores e ter atendido a gente”.
Na fila, a mãe explicou para todos a situação: “Contei para o pessoal da fila que o Daniel é autista. Ele fica um pouco agitado, ainda mais quando fica feliz. […] Nisso, eu falei que ele é autista pro Papai Noel”. Mesmo sabendo disso, o homem não quis tirar nenhuma foto com o menino e pediu para a próxima criança se aproximar.
Tempo de esperança
O ocorrido não abalou a esperança da família no futuro de Daniel. Eles pretendem voltar ao shopping e realizar o sonho natalino do garoto: “Espero de coração que, nos próximos natais com Daniel, ele possa ficar à margem de preconceito”.
“É muito dolorido você ver o seu filho sendo rejeitado. Eu senti o meu filho rejeitado e isso me doeu muito. Eu sei que eu vou presenciar, mas eu, de coração, espero que não, sabe? Eu quero meu filho inserido na sociedade como uma pessoa normal, como uma criança normal”, ressaltou Angélica.
Nota de Posicionamento
Procurado pelo Metrópoles, o Shopping Sul divulgou uma nota de posicionamento afirmando que o estabelecimento “repudia todo e qualquer ato de discriminação”. Também ressaltou: “… assim que tomou conhecimento do ocorrido, está apurando os fatos para que as medidas cabíveis de enfrentamento ao tema sejam tomadas” e que “no mesmo dia, por cautela, o profissional envolvido foi substituído por outro papai noel”.
“Toda equipe contratada pelo shopping, por meio de agência especializada, passa por treinamentos para contato com o público e são sempre priorizados profissionais experientes nestas contratações. O shopping reforça ainda que a situação narrada não reflete os valores da empresa, que baseia as suas relações em princípios como ética, respeito e igualdade”, concluiu a nota.
A administração do estabelecimento ainda esclareceu: “Pedimos desculpas à família, em especial à criança e sua mãe, bem como a todos e todas que, direta ou indiretamente, tenham se sentido ofendidos pelo fato descrito acima”.
Com informações do Metrópoles - Jonatas Martins
Nenhum comentário