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Americanas tem a maior queda de uma empresa na bolsa em 15 anos

Levantamento do TradeMap mostra que apenas duas empresas tiveram recuo superior em um só pregão.


 Foto: Divulgação
As ações da Americanas despencaram quase 80% na bolsa de valores nesta quinta-feira (12), depois que a empresa publicou comunicado em que diz que foram identificadas “inconsistências em lançamentos contábeis” no balanço, em valor que chega a R$ 20 bilhões.

Em valor de mercado, a empresa perdeu R$ 8,37 bilhões.

Ao fim do pregão, a queda exata foi de 77,33%. Um levantamento de Einar Rivero, do TradeMap, mostra que essa foi a maior queda diária de uma empresa de capital aberto desde 2008.

O maior recuo foi da Agar Incorporadora (AGIN3), em 6 de outubro de 2008: 81,55% de queda. Em seguida, a Hércules (HETA3), de utensílios domésticos, teve queda de 78% em 22 de setembro de 2008.

Para se ter uma ideia, o levantamento mostra que o volume do rombo de R$ 20 bilhões é equivalente ao valor de mercado da Magazine Luiza, que até o fechamento do pregão desta quarta-feira valia R$ 20,20 bilhões, e da Lojas Renner, de R$ 20,22 bilhões.

O que aconteceu?

A Americanas percebeu que o valor bilionário — que é referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores — não havia sido registrado de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.

O comunicado da Americanas sobre o rombo no balanço foi divulgado na noite de quarta-feira (11). Além disso, o texto informou que o presidente da companhia, Sergio Rial, deixou o cargo apenas 9 dias depois de assumir. O diretor financeiro da empresa, André Covre, também renunciou — ele havia tomado posse junto a Rial.

O documento divulgado pela companhia não traz muitos detalhes sobre o que de fato foi encontrado nas contas, mas esclarece que a área contábil detectou "a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras".

A Americanas disse que ainda não é possível determinar todos os impactos do rombo na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia. Em contrapartida, a empresa afirmou estimar que "o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial".

Assim, o rombo teria apenas um efeito contábil, e não financeiro. Caso fosse financeiro, haveria saída de dinheiro do caixa da companhia.

O que diz o mercado financeiro?

Mesmo com as informações preliminares, as corretoras e casas de análise começam a mudar as recomendações sobre as ações da companhia.

Em um relatório, a Genial Investimentos passou de recomendação de compra para venda e reduziu o preço-alvo de AMER3 de R$ 28,40 para R$ 9,40.

“A primeira impressão é a pior possível, tanto na questão de governança corporativa, quanto na contábil”, diz.

“A companhia realizava operações chamadas de Risco Sacado, onde repassa a responsabilidade do pagamento a fornecedores para instituições financeiras. Isso, por sua vez, reduz a conta de Fornecedores no passivo, que teve seu valor declarado em R$ 5 bilhões no balanço do terceiro trimestre”, analisa a Genial.

Para a corretora, a empresa deveria redirecionar esse valor na conta de empréstimos e financiamentos, uma vez que as financiadoras e os bancos cobram juros pelo dinheiro emprestado e, por isso, o valor do “rombo” pode ser maior do que o anunciado.

“Não sabemos, até o momento, o quanto dos R$ 20 bilhões de fato estão fora do balanço e qual porcentagem desse valor estará sujeita a reclassificação de contas”, pondera.

De acordo com um relatório da XP Investimentos, em equipe liderada pela responsável pela área de Varejo, Daniella Eiger, apesar de o comunicado oficial da empresa dizer que o efeito caixa é imaterial, a falta de detalhes sobre os fatos adiciona muita incerteza aos ativos e ao futuro da companhia. A XP coloca a recomendação em Americanas sob revisão e enxerga três principais riscos:

  1. Maior alavancagem da companhia, dado que seu endividamento pode aumentar dependendo dos ajustes em seu balanço patrimonial;
  2. Maior custo de dívida, por conta da maior percepção de risco de crédito e liquidez;
  3. Deterioração do capital de giro, dado que a companhia poderá ter problemas em manter em dia os pagamentos a fornecedores, por conta de seu ciclo de caixa pior.

Tudo isso, entretanto, ainda pode ser revisto — para melhor ou para pior —, a depender da apuração realizada pela consultoria independente contratada pela Americanas para verificar os fatos, tendo em vista que, até o momento, não há muita clareza sobre o que aconteceu.

Analistas do Itaú BBA compartilham da mesma visão e, assim como a XP e outras instituições, colocaram as ações da Americanas sob revisão até que os fatos sejam esclarecidos.


Com informações do g1

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