Coronel é apontado em relatório da PF por omissão nos atos de 8 de janeiro, por não realizar o planejamento operacional. O oficial ocupava o cargo de forma interina, na ausência do coronel Jorge Eduardo Naime
Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Um relatório elaborado pela inteligência da Polícia Federal constatou que houve falta de planejamento operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O documento aponta omissão de um coronel da PMDF.
Paulo José Ferreira de Souza Bezerreira, ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP), substituia o então comandante do departamento, o coronel Jorge Eduardo Naime — preso desde a quinta fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Naime estava de folga naquele fim de semana e, por isso, a PF creditou a competência da falta de planejamento operacional a Bezerreira.
“É verossímil acreditar que Paulo José agiu de forma omissa, frente aos crimes praticados no dia do evento, ao não elaborar o planejamento operacional do policiamento ostensivo do Distrito Federal”, cita trecho do documento. O caso foi confirmado pelo Correio.
“A partir de análise efetuada nos materiais apreendidos, é verossímil acreditar na inexistência de um Plano Operacional, cuja elaboração era de competência do CORONEL PAULO JOSÉ, e de Ordens de Serviços”, detalhou a PF.
Para a PF, o acionamento de equipes de reforço ocorreu apenas duas horas depois do início dos atos na Praça dos Três Poderes. A determinação para que as tropas ficassem sobreaviso, às vésperas do ataque, foi do então subcomandante da corporação, Klepter Rosa, atual comandante-geral da PMDF.
As mensagens foram encontradas em aparelhos apreendidos de policiais militares que integram o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) e do próprio DOP. Em uma delas, Bezerreira encaminhou a mensagem do sobreaviso em um grupo, após determinação de Klepter.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do coronel Paulo José.
CPI
No relatório de intervenção, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, cita a inexistência de um planejamento operacional da corporação para aquele fim de semana. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), o ex-comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira, revelou que só soube que não havia planejamento da PMDF após deixar a prisão.
Segundo o oficial, conforme disse em depoimento à CPI, o planejamento é de responsabilidade do DOP. “Conversei com o coronel Paulo José no sábado para aumentar o efetivo. O que eu detectei no dia lá (8 de janeiro), de manhã haviam um efetivo mais suficiente. Até as 11h da manhã, o acampamento não sabia que ia descer (para a Esplanada)”, disse o coronel.
“Esse documento (o planejamento operacional), além da distribuição do efetivo, detalha exatamente como a operação será executada. Por exemplo, traz conceito da operação; a distribuição do efetivo no terreno de operação. Segundo informações do interventor, esse plano não foi elaborado”, disse.
Com informações do Correio Braziliense - Pablo Giovanni
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