Célia Lucia de Oliveira determinou que a criança de 10 anos fosse trancada em sala de aula para que não a vissem quando em crise
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Após ser denunciada por determinar que um aluno autista fosse mantido em sala de aula fechada para não “prejudicar imagem da escola”, a diretora da Escola Classe 111 Sul, Célia Lucia de Oliveira, foi exonerada nessa quinta-feira (20/7). Ela havia sido nomeada para o cargo no dia 7 de julho.
Conforme decisão que consta no Diário Oficial do DF (DODF), a professora de educação básica também recebeu exoneração da Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto, bem como da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF).
Reprodução/DODF |
Célia havia sido nomeada para assumir a direção do colégio no dia 7 de julho. O caso envolvendo o aluno autista teria ocorrido no terceiro dia de gestão dela.
Imagens registradas em uma das salas de aula da escola mostram a criança de 10 anos, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), deitada no chão gritando e gemendo, durante uma crise.
A sala estava fechada, apenas com o educador e a professora no local. Segundo o pai do garoto, Everton Venâncio de Souza, o aluno foi isolado naquele espaço por determinação da diretora.
Servidores alegam que a determinação de manter o menino em sala durante as crises surgiu para que a criança não fosse vista naquela situação. O pai do menino formalizou uma denúncia de negligência por parte da instituição para com o seu filho.
“A diretora determinou que fosse levado à força para a sala de aula, o que aumentou sua crise e gerou um comportamento agressivo”, detalhou o pai ao Metrópoles, na época do ocorrido. Everton contou que, ao chegar ao colégio, o filho estava deitado, abraçado a um cabo de vassoura.
“Eu fui para a escola correndo ver meu filho. Quando chego lá, a diretora quer conversar comigo primeiro”. O pai disse, ainda, que, ao ver a criança naquela situação, estranhou a proporção que a crise tinha tomado. “Ela afirmou que, em casos de crise de alunos autistas na frente da escola, a norma é retirar os alunos para que vizinhos não filmem o ocorrido”, relatou Everton.
O pai protocolou denúncias no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), na Ouvidoria da Secretaria de Educação do DF e na Corregedoria-Geral do DF. Diante das reclamações, servidores disseram que a diretora teria começado uma perseguição ao aluno.
Para isso, a gestora teria removido a professora que oferecia atendimento individualizado a alunos especiais e afastado o educador social que a criança tinha criado um vínculo afetivo.
Denúncia de servidores
Apontado pelo pai como uma pessoa de confiança e de grande vínculo com o aluno, o educador social Wanderson Gonçalves Silva, 39 anos, disse que também se viu perseguido pela diretora. Ele chegou a registrar boletim de ocorrência contra ela, relatando que, ao ser desligado, a gestora da instituição o teria acusado de ter pisado no garoto.
Uma professora que também pediu anonimato por sofrer represálias da diretora conta que trabalha há mais de 20 anos com crianças que têm algum tipo de deficiência e que, nesse tempo, nunca havia sido orientada a isolar uma criança com crise em uma sala para se acalmar sozinha. “Levá-lo para a sala não foi uma boa opção. Ele se recusava a entrar”, detalhou.
“Ela falava que perto da escola havia prédios residenciais e que as pessoas, vendo o estudante em crise, poderiam filmar e que ela queria preservar a imagem da escola”, destacou a mulher.
Em 12 de julho, nove servidores da escola classe assinaram uma ata ao Conselho Regional de Educação do Plano Piloto que pedia mudança na atual diretoria do colégio.
Por meio de nota, a SEEDF informou que a corregedoria da pasta ainda apura o caso, mas que a gestora já não atua mais na escola. “A pasta esclarece que os fatos serão apurados em relação a todos os servidores envolvidos e que adotará todas as medidas cabíveis, nos termos da Lei Complementar nº 840/2011”, pontuou
Com informações do Metrópoles - Thalita Vasconcelos
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