Segundo a polícia, motivação do crime seria uma dívida de R$ 500 mil da mulher com a vítima. Ela teria pagado R$ 150 mil pelo crime
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Presa por ser a mandante do crime que chocou Mato Grosso do Sul, Bruna Nathalia de Paiva integrava uma quadrilha especializada em estelionato. Segundo informações da Polícia Civil, foi ela quem planejou e pagou pela morte do médico Gabriel Paschoal Rossi, 29 anos. O jovem foi torturado, asfixiado e estrangulado.
De acordo com o delegado que apura o caso, Erasmo Cubas, o crime foi motivado por uma dívida de Bruna com Gabriel no valor de R$ 500 mil. Para não pagar, ela contratou três homens por R$ 150 mil para a execução do médico. No entanto, segundo o investigador, ela deu o “calote” nos criminosos e teria pagado R$ 20 mil para que fosse dividido entre os três.
Amizade no crime
Bruna e Gabriel se conheceram quando o jovem era estudante de medicina na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Os dois mantinham uma relação de amizade e participavam juntos, segundo a polícia, de uma quadrilha de estelionatários que aplicava golpes com documentos de pessoas mortas, clonava cartões de crédito e sacava dinheiro de benefícios em contas-correntes das vítimas.
Na organização, Gabriel tinha como responsabilidade sacar o dinheiro, depois que Bruna fizesse o repasse dos dados. De acordo com a polícia, Gabriel era o “rosto” da quadrilha. O nome e as fotos do médico eram utilizados em documentos de pessoas que não existiam, ou de quem já havia morrido, para que fosse possível sacar os benefícios e clonar os cartões.
Contudo, os dois não agiam sozinhos. Segundo o delegado, a dupla fazia parte de um grupo muito maior, que ainda é investigado.
Torturado
De acordo com o delegado Erasmo, Gabriel foi encontrado com sinais de tortura em uma casa de hospedagem por temporada, que foi alugada por Bruna por um período de 15 dias, para que o corpo demorasse mais tempo para ser encontrado. Foi ela própria quem instruiu o trio contratado em todo o assassinato.
No entanto, ela sequer chegou a ir ao local do crime. Segundo a polícia, enquanto Gustavo Kenedi Teixeira, Keven Rangel Barbosa e Guilherme Augusto Santana torturavam Gabriel, Bruna estava em outra casa, alugada por apenas um dia, onde ela e os criminosos dormiram antes do homicídio.
Eles vieram de Minas Gerais e, antes de chegarem a Dourados, cidade do crime, passaram pela cidade de Ponta Porã (MS), onde compraram os objetos utilizados na tortura ao médico.
Conforme a polícia, Gabriel foi atraído para uma emboscada. A suspeita é de que o médico foi até a residência para repassar informações de onde havia vendas de drogas na cidade, mas, até o momento, não há confirmação sobre o envolvimento do médico com o tráfico.
Bruna também teria orientado os homens a pegarem o celular de Gabriel após o crime. Em posse do telefone, ela trocou mensagens com familiares e amigos da vítima pedindo dinheiro. Ela chegou a conseguir R$ 2,5 mil. Foram essas mensagens que atrasaram a família do médico a registrar o desaparecimento do rapaz.
Apesar de o médico sumir em 26 de julho, a polícia só começou o procurá-lo em 2 de agosto, um dia antes de ele ser encontrado morto.
Presos
Logo após o crime, Bruna e os homens contratados voltaram para Minas Gerais de avião. À polícia, eles informaram que foi prometido pela mandante o pagamento de R$ 150 mil pela morte do médico. Porém, ela pagou R$ 20 mil.
A polícia começou a ouvir amigos e familiares e, por meio dos depoimentos, descobriram a amizade entre Gabriel e Bruna, que morava em Minas Gerais.
Paralelo aos depoimentos, a polícia tentava rastrear o celular da vítima, que ainda não tinha sido encontrado com o corpo. Foi então que descobriram que o aparelho havia sido utilizado no dia 30 no estado mineiro, quando Gabriel era considerado desaparecido.
Os quatro suspeitos acabaram presos na manhã de segunda-feira (7), em Pará de Minas, e chegaram a Dourados na madrugada de terça-feira (8) para prestarem depoimento, por volta da 1h30.
Gustavo, Keven e Guilherme foram ouvidos e confirmaram Bruna como mandante do crime. No entanto, a mulher ainda não prestou depoimento, informou o delegado.
Corpo amarrado
Desaparecido desde 26 de julho, o corpo do médico Gabriel Paschoal Rossi foi encontrado, na última quinta (3/8), em uma casa da Rua Clemente Rojas, na Vila Hilda, Mato Grosso do Sul, com as mãos e os pés amarrados em uma cama, em estado avançado de decomposição. A polícia determinou que a causa da morte foi por asfixia.
De acordo com a polícia, Gabriel estava com marcas de agressões físicas e sinais de estrangulamento com fios de energia em uma primeira análise feita pela Polícia Científica, no mesmo dia em que o corpo foi encontrado.
Natural de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, o jovem trabalhava na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no Hospital da Vida.
Com informações do Metrópoles - Laura Braga
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