O segurança João da Silva Souza foi atingido cerca de 20 segundos após sair para trabalhar na noite de terça, na região da Cracolândia
Renan Porto/Metrópoles |
O segurança João da Silva Souza, de 54 anos, que morreu nessa terça-feira (15/8) após ser esfaqueado na Cracolândia, no centro de São Paulo, foi atingido cerca de 20 segundos após sair para trabalhar, por volta das 18h.
De acordo com o porteiro do prédio em que o homem morava, no Largo General Osório, ele voltou desesperado à portaria dizendo que havia sido “furado”.
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“O morador saiu e, 20 segundos depois, ele já voltou dizendo que o ‘nóia’ furou ele. Eu socorri ele, chamei o Corpo de Bombeiros, e o GCM que estava passando socorreu ele”, disse o porteiro ao Metrópoles.
Segundo o funcionário do prédio, o ferimento era pequeno, mas parecia profundo e, aos poucos, João foi ficando branco.
“O ferimento era bem interno, não tinha muito sangue. Acho que deve ter perfurado algum órgão e aos poucos ele foi desfalecendo”, disse.
De acordo com o porteiro, João foi ferido no cruzamento entre a Rua dos Protestantes e a Rua Mauá. O edifício está localizado a cerca de uma quadra do epicentro da Cracolândia, entre a Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões.
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Indignados, moradores do prédio da vítima relataram, em áudios nas redes sociais, que o ladrão “furou” João na altura do peito. Eles disseram não saber se o ataque foi à faca ou com a ponta de um cachimbo de crack. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) disse que foi uma faca.
Transferência do fluxo
O ataque ao morador acontece em meio a um momento de tensão na Cracolândia. Na tarde dessa terça-feira, a GCM conduziu os usuários de drogas novamente para o cruzamento entre a Rua dos Gusmões e a Santa Ifigênia.
Horas mais tarde, já durante a noite, houve confronto entre guardas municipais e dependentes químicos. Moradores da região flagraram usuários de drogas tentando invadir lojas que estavam fechadas.
“É gato e rato o dia inteiro”, afirmou um morador da região ouvido pelo Metrópoles. “Não tem o que fazer, a gente já se conformou com essa desgraça.”
“A gente vive com medo. Eles são como zumbis, ninguém sabe o que podem fazer”, afirma uma comerciante.
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A transferência do “fluxo” tem incomodado os comerciantes. Lojistas e moradores da Rua Santa Ifigênia, principal ponto do comércio do centro, prometem resistir às tentativas da GCM. Em grupos no WhatsApp, eles organizam novos protestos. Comerciantes ouvidos pelo Metrópoles afirmam que pretendem “quebrar o pau” com os dependentes químicos, se necessário.
“Se vierem de novo durante o dia, nós vamos descer o cacete. Quebrar o pau mesmo”, disse ao Metrópoles um comerciante que preferiu não se identificar. O homem tentava lavar o chão em frente à sua loja. Segundo ele, no local, um usuário de droga havia sido espancado.
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