O CEEDV, na Asa Sul, atende cerca de 500 estudantes, desde a alfabetização até a inserção deles no mercado de trabalho
Faz parte da missão da SEE implementar políticas educacionais que visam potencializar o desenvolvimento dos alunos e equalizar as oportunidades de acesso e permanência à educação pública e de qualidade. A secretaria defende a edificação de uma sociedade livre, justa e solidária faz-se mediante uma educação consistente, pautada pela construção da autonomia, pela inclusão e pelo respeito à diversidade.
“O resultado do nosso trabalho é significativo; temos ex-alunos que foram alfabetizados em nossa escola e que se tornaram advogados, juízes, professores” - Airton Dutra, diretor do CEEDV
O CEEDV é uma escola de natureza especial que garante uma educação especializada para crianças, jovens e adultos com deficiência visual. “Na escola, praticamos a cidadania plena para crianças que nascem cegas ou em casos de cegueira adquirida, que pode incluir qualquer faixa etária. Aqui o aluno é alfabetizado com tecnologias assistivas, Braille, livro didático adaptado e falado e sorobã”, explica o diretor do CEEDV, Airton Dutra.
“Eu gosto muito da escola, dos professores. Na sala a gente aprende a ler e escrever em Braille, mas gosto muito de futebol, da aula de música, sorobã e artes visuais, que são as atividades que faço aqui”, conta a aluna Paula Sophia, de 10 anos.
“O resultado do nosso trabalho é significativo; temos ex-alunos que foram alfabetizados em nossa escola e que se tornaram advogados, juízes, professores”, conta Airton Dutra.
Superação
O CEEDV recebe alunos de qualquer faixa etária acometidos de cegueira adquirida. É o caso do bancário aposentado Milton Kruger, 62. “Vivo uma história de vida baseada em aprendizado, adaptação e superação. Trabalhei por mais mais de 35 anos em banco, fui fundador de uma importante bandeira de cartão de crédito e, após a aposentadoria, fui surpreendido com descolamento de retina dos dois olhos e não tenho a visão central, só enxergo com a parte periférica do olho”, conta.
“A escola me deu autonomia novamente; aprendi coisas simples como cortar uma carne, caminhar na rua com a bengala, pegar um ônibus”
Milton Kruger, aluno do CEEDV
O incidente não privou Milton dos seus sonhos, e o aposentado deu a volta por cima. “Foi uma perda estranha, pois sempre fui uma pessoa ativa na vida. Procurei ajuda, e uma médica indicou o CEEDV, onde passei por avaliação e consegui me matricular”, explica. “A escola me deu autonomia novamente; aprendi coisas simples como cortar uma carne, caminhar na rua com a bengala, pegar um ônibus. Agora estou aprendendo a ler e escrever em Braille e também a fazer cálculos no sorobã”.
Apoio pedagógico
O CEEDV conta com o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), onde são produzidos livros didáticos, paradidáticos e literários em Braille, que são distribuídos na rede pública de ensino do DF. O setor é integrado à escola e fica responsável pela produção de todo material pedagógico destinado aos estudantes com deficiência visual. Tudo é impresso na impressora de mesa em Braille.
As atividades do CAP contribuem para o desenvolvimento pleno das potencialidades do usuário e o seu preparo para o exercício da cidadania. O trabalho é executado por um time de profissionais especializados, todos professores habilitados da SEE, com ou sem deficiência visual, além de servidores cegos responsáveis pela revisão do material. “Qualquer servidor da Secretaria de Educação pode atuar no CAP, mas precisa se especializar em cursos de Braille e sorobã”, pontua o diretor da escola.
Voluntariado
Funciona no CEEDV, desde 1992, o Clube de Leitura, na Biblioteca Braille Elmo Luz. O projeto foi criado para oferecer auxílio aos estudantes nas atividades escolares, por meio de leitura e estudos para vestibular e concurso público. Em mais de 30 anos, o projeto coleciona histórias de gente que conquistou lugar no mercado de trabalho.
O sonho de ingressar no ensino superior, de ser aprovado em um concurso ou de concluir o diploma do ensino médio é alcançado pelos deficientes visuais com o auxílio dos livros traduzidos em Braille e do apoio de voluntários que ajudam os frequentadores da biblioteca a estudar. A biblioteca é referência no DF em livros em Braille e audiolivros.
A biblioteca atende a deficientes visuais e pessoas com baixa visão que precisam fazer trabalhos da faculdade e estudar para vestibular ou concurso. Os deficientes visuais frequentam o espaço para pegar emprestado livros em Braille, usar a máquina de escrever em Braille ou para reforçar os estudos.
São mais de 80 universitários e professores voluntários que se deslocam todos os dias até a escola para oferecer serviços de leitura, gravação de materiais impressos, serviço de digitação, aulas de inglês, matemática e língua estrangeira.
“Sempre tem alguém com tempo e disposição para oferecer serviço de leitura e estudo para os alunos que estão estudando para concurso ou vestibular. Eles nos procuram na biblioteca, preenchem o formulário especificando o tipo de serviço a ser oferecido e, após isso, nós entramos em contato para sinalizar que temos alunos precisando de ajuda”, explica Carlos Alberto Lima, 53, servidor deficiente visual e atendente na biblioteca há 12 anos.
Para fazer parte do Clube do Ledor, o voluntário deve cadastrar-se presencialmente na Biblioteca do CEEDV, na “uadra 612 Sul, ou pelo e-mail bibliotecabrailleceedv@gmail.com.
Com informações da SEE/Agência Brasília
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