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GDF quer regularizar pontas de picolé e reabre debate da Orla do Lago

Proposta do Buriti em tramitação na CLDF permite volta do fechamento de áreas às margens do Lago Paranoá, onde não há circulação de pessoas


Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles
O Governo do Distrito Federal (GDF) quer regularizar os becos e as pontas de picolé do Lago Sul e Norte. A proposta reacende o debate sobre as regras de usos e acesso da Orla do Lago Paranoá, inclusive com fechamento de margens.

O texto tramita na Câmara Legislativa (CLDF) na forma do projeto de lei (PL) nº 408 de 2023. Após debate entre base e oposição, o texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na manhã de terça-feira (12/9).

O PL autoriza a outorga de uso de área pública contígua às residenciais unifamiliares, dos Lagos Sul e Norte, que não estejam em Área de Preservação Permanente (APP) ou de passagem de pedestres.

Para o governo, o objetivo do PL é regulamentar as ocupações, de áreas verdes e becos, consolidadas há décadas.

Abertura e fechamento


Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), quando o beco representa uma efetiva passagem pública para um ponto de ônibus, comércio ou equipamento público, o terreno precisa continuar aberto.

“A minuta do PL prevê diretrizes para garantir a conexão e livre circulação de pedestres nessas áreas públicas, bem como o acesso franco entre logradouros públicos, equipamentos públicos comunitários, áreas comerciais e institucionais e mobiliário urbano”, enfatizou a Seduh, em nota enviada ao Metrópoles.

No entanto, de acordo a pasta, quando o beco liga nada a lugar nenhum, não tendo função urbanística, nesse caso, haverá possibilidade de fechamento.

IPTU


Segundo o PL, o preço público a ser pago terá como base de cálculo o valor venal correspondente ao terreno utilizado para cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).

Pelo texto original, o prazo máximo de vigência do contrato de concessão será de 30 anos, podendo ser revogado a qualquer tempo, a critério da administração pública.

Debate


Na avaliação do deputado distrital Fábio Felix (PSol), o PL é ruim e se trata de uma manobra para evitar o debate do uso do terreno do lago na discussão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT) e da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos).

Além disso, para o deputado, pelo fato de a matéria tratar de uma concessão do território público, deveria tramitar na forma de um Projeto de Lei complementar (PLC), e não PL. Ele ainda defendeu que haja uma audiência pública antes de seguir para votação. “O impacto pode ser, a médio prazo, a reprivatização de toda a Orla do Lago Paranoá do DF. Obviamente, não é um conflito simples, mas o Lago Paranoá não pode ficar restrito aos ricos, pois ele é de toda a população do DF”, alertou.

Já o líder do governo na CLDF, deputado Robério Negreiros (PSD), defendeu o projeto. “Não é algo precipitado, porque está judicilizado. O governo tem que buscar uma solução”, argumentou.

O parlamentar justificou os fechamentos. Segundo ele, existem áreas verdes onde o processo de desocupação desencadeado pela gestão do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) falhou. “Basta pegar um barco ou uma canoa para ver o que aconteceu em algumas áreas. As que foram consolidadas – como a QL 12 do Lago Sul, que é algo muito bonito e prático, ou o Deck Sul e o Deck Norte -, não se mexe. Mas no caso das áreas degradadas, é uma forma de se buscar uma solução”, afirmou.

Seduh


O Metrópoles questionou a Seduh sobre o embasamento legal do PL. Segundo a pasta, a minuta não guarda relação com o PDOT ou da Luos. “E atende a uma determinação da Justiça para que o GDF apresentasse um plano de desobstrução das faixas de passagem no Lago Sul e Norte”, completou.

Sobre o debate com os moradores, a Seduh argumentou que a matéria não se insere no rol legalmente estabelecido de propostas que necessariamente dependem de submissão à audiência pública.

“Não obstante, o assunto foi objeto de consulta pública online, no período de 9 a 17 de novembro de 2020 e consulta pública presencial em 17 de novembro de 2020, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh). Além de ser debatido em audiência pública em 21 de novembro de 2022”, encerrou.

Com informações do Metrópoles - Francisco Dutra

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