Eliana era escrevente-chefe no Departamento de Inquéritos Policiais da Justiça Paulista (DIPO) e tinha acesso a milhares de processos arquivados desse departamento. Ela confessou o esquema à polícia.
Fantástico/Reprodução |
A servidora Eliana Vita de Oliveira, de 53 anos, e que passou 31 deles trabalhando como funcionária do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), foi presa pela Polícia Civil por suspeita de desviar cerca de R$ 2,5 milhões de contas judiciais.
Os valores desviados eram provenientes de apreensões de dinheiro de criminosos pela polícia, que iam para contas judiciais em nome do TJ-SP. É o que acontece normalmente com dinheiro do crime – o recurso fica esperando um juiz definir o seu destino.
No entanto, quem definiu o destino de alguns desses recursos foi Eliana, servidora do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O destino? Seu próprio bolso e de cúmplices, segundo a polícia e o Ministério Público.
Perto de se aposentar, ela é acusada de arquitetar os golpes. O primeiro em 2021 e o último em junho deste ano.
“Estima-se que cerca de R$ 2,5 milhões foram desviados, já provados na denúncia. Mas estima-se que esse valor seja até maior”, disse Juliano Carvalho Atoji, promotor.
Segundo as investigações, a fraude funcionava da seguinte forma:
- Eliana era escrevente-chefe no Departamento de Inquéritos Policiais da Justiça Paulista (DIPO), e tinha acesso a milhares de processos arquivados desse departamento.
- Ela escolhia um para fraudar, em que o dinheiro apreendido ainda estivesse numa conta da Justiça. Depois, a servidora pública preparava o passo seguinte: a falsificação de documentos.
- Segundo as investigações, ela elaborou e emitiu guias falsas. Essas guias eram ordens de saque e serviram para desviar recursos de contas judiciais.
No primeiro momento, os juízes não perceberam que se tratava de um golpe e autorizaram os saques. Eliana era funcionária de carreira do Poder Judiciário, considerada uma pessoa de extrema confiança.
“Ela manipulava os dados do sistema informatizado do tribunal, alterando o nome dos beneficiários dos ofícios ou alvarás de liberação das quantias. O juiz não tinha condição de verificar. E, até pela confiança que era depositada nela, essa alteração era bem-sucedida”, explicou Patrícia Alves Cruz, juíza corregedora do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital.
Em depoimento à polícia, a escrevente-chefe confessou tudo. Disse que descobriu "uma brecha no sistema processual'', que fez a primeira fraude "em 2021, de forma experimental", e como não houve nenhuma dificuldade, realizou os outros cinco desvios de dinheiro.
Já o advogado dela disse ao Fantástico que ela não confirma que desviou dinheiro do fórum. "Ela vai falar no momento oportuno a respeito dessa situação."
Com informações do Fantástico/g1
Nenhum comentário