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Práticas, econômicas e saudáveis: bikes compartilhadas tomam as ruas do DF

Existem 530 bicicletas para aluguel e 70 estações instaladas na capital federal. Usuários destacam os benefícios de pedalar


Encarar o transporte público lotado ou um extenso engarrafamento a caminho do trabalho pode ser mais cansativo do que lidar com o expediente em si. Na capital, as bicicletas compartilhadas têm sido adotadas como alternativa de mobilidade urbana por quem prefere evitar o estresse. Segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana do DF (Semob), o sistema na capital é operado pela empresa Tembici, que conta com 530 unidades para aluguel e 70 estações instaladas pela área central de Brasília, e planos a partir de R$ 4,50 para pedalar por 30 minutos.

Desde o início das operações na cidade, em outubro de 2021, a Tembici registrou mais de 1,2 milhão de deslocamentos, sendo mais de 126 mil usuários ativos. As bicicletas compartilhadas podem ser encontradas nas estações da Asa Sul e Asa Norte e em outros pontos no centro de Brasília, como o Eixo Monumental, Sudoeste e Parque da Cidade. A Semob informa que o serviço é pago e pode ser acessado pelo site da empresa ou aplicativo. Segundo a pasta, as estações do Parque da Cidade, da Funarte e da CLSW 101 são as mais buscadas. 

O secretário da pasta, Zeno Gonçalves, diz que o objetivo é levar as estações para outras regiões administrativas. "Já está em estudos, na Semob, um pedido da atual concessionária para a expansão das estações, inclusive, com a implantação de estações de bicicletas elétricas que irá atingir outras regiões administrativas. Nós entendemos que a bicicleta é um meio popular, usual e saudável de transporte, principalmente para deslocamentos curtos, e possibilita fazer a interligação entre estações de metrô e paradas de ônibus a locais de trabalho, aqui no Plano Piloto e em outras regiões."

As bicicletas também beneficiam a saúde e o meio ambiente. Somente no primeiro ano em Brasília, o sistema registrou mais de 300 mil viagens e evitou potencialmente a emissão de 215 toneladas de CO². O professor do Instituto de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em transporte urbano Pastor Willy Gonzales Taco afirma que esse tipo de transporte contribui como um suporte para deslocamentos de curta e média distância. "É voltado para um público que mora perto das estações e vê como uma alternativa complementar. Ou um público jovem, que mora perto do campus da universidade e tem essa opção. Na maioria dos casos, serve como uso recreativo", observa.  

A analista Solane Aragão, 29 anos, trabalha presencialmente, duas vezes na semana, no Ministério do Trabalho e usa as bicicletas compartilhadas para voltar para casa. "Me auxilia muito porque, quando eu saio do trabalho, as paradas de ônibus estão lotadas e não estou afim de pegar ônibus. Além do mais, eu já faço o cardio do dia e vou apreciando a vista da cidade. Levo, em média, 15 minutos para chegar em casa, e gasto em torno de R$ 30 mensais. Compensa para o meu bolso e acho mais agradável", diz. 

Como não possui carro, o autônomo Hudson Araújo, 37, utiliza a bicicleta de segunda a sexta. "Eu uso para ir à Rodoviária, e isso tinha que ser uma cultura na vida do brasiliense para ajudar a tirar carros da rua. Gasto cerca de R$ 20 a R$ 30 por mês", conta. "Ainda que não me sinta plenamente seguro enquanto desfruto o serviço, é uma experiência que poucos conseguem ter em seu cotidiano, especialmente em grandes centros. Além de tudo, é uma forma de preservar o meio ambiente. Menos poluição e ruído", conclui.

A reportagem encontrou a técnica de enfermagem Jéssica Soares, 27, no Parque da Cidade, pedalando em uma bicicleta compartilhada como forma de lazer. "Eu resolvi usar para passear, eu moro longe, vim de Águas Lindas de Goiás, e aproveitei para desfrutar, eu usei a bicicleta por uma tarde toda", relata.  

Ponto de vista 


O especialista Pastor Willy Gonzales Taco ressalta que, para ser uma alternativa efetiva de mobilidade, precisaria haver estações de bikes compartilhadas em Ceilândia, Samambaia e outras regiões que possibilitassem chegar ao Plano Piloto. "Isso seria difícil porque não tem integração de ciclovia, e ainda tem o problema de intercessão, por conta da velocidade das vias", diz o doutor em transporte urbano. 

Ele avalia como positiva a ideia de levar as estações de bicicleta para dentro das regiões administrativas. "Isso promoveria ainda mais a cultura do uso da bicicleta e ampliaria um tipo de sistema e o tornaria mais inclusivo. Esse é um desafio porque envolve aspectos econômicos de uso, de promoção e segurança, porque é preciso de ciclovias", conclui. 

Com informações do Correio Braziliense - Letícia Guedes, Mariana Saraiva 

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